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Verbo Encarnado, Amor Personificado

Deus viu a humanidade em seu estado de pecado,

Eternamente em miséria e condenado,

Embora o homem se rebelasse contra Deus,

Soberanamente por amor, Ele resgataria os Seus.

===//===

E pelo fato de tanto tê-los amado,

O Verbo que se fez carne foi espancado, zombado, torturado,

Humilhado, ignorado, rejeitado, açoitado,

E sem abrir a boca, ainda por amor, morreu crucificado.

===//===

Seria ele então na morte abandonado?

De modo algum seu plano redentor havia sido frustrado,

Pois ao terceiro dia, ele foi ressuscitado!

===//===

Quem confia nisso será, inocentado,

Porque o resgate por sua vida certamente já foi pago,

===//===

E então daremos graças por Ele ter nos resgatado,

E por Ele viveremos, estando sempre ao Seu lado!

 

Porque é tão difícil confiar naquele que morreu em seu lugar?

Alguém que você conhece morreria por você, HOJE, como Jesus morreu?



O Jesus pecaminoso do Catolicismo Romano
O Jesus pecaminoso do Catolicismo Romano

O apóstolo Paulo nos diz, em 2Cor 5.21:


"Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez justiça de nós para que nele fôssemos feitos justiça de Deus"

Aqui cabe uma pergunta...

De que maneira Deus "fez" Jesus pecado por nós?

 

O catolicismo nos ensina que Deus nos "torna" justos tornando instrinsicamente nossa a justiça de Cristo. Essa é a visão de justificação ensinada pelo catolicismo. Porém, para que a morte de Cristo seja de fato uma troca entre o Filho de Deus e os homens na cruz, o mesmo tem que valer para ambas as direções, ou seja, se Deus nos "justifica" tornando intrinsica a nós a justiça de Cristo, então, Deus "condena" Cristo tornando instrinsica a ele nossa injustiça (ou pecaminosidade).

Se Deus de fato alterou a essência de Cristo, transformando-o num pecador literal, inclinado para o pecado como nós, o catolicismo tem um sério problema. Isso d esqualificaria Cristo como o "cordeiro sem mácula" que morreria em substituição pelos pecados de outros. No final das contas, teríamos um pecador, morrendo por pecadores.

Se Deus de fato, como ensina o catolicismo, nos torna verdadeiramente justos em essência, intrinsicamente, infundindo em nós a justiça de Cristo, Deus também torna Cristo verdadeiramente pecaminoso em essência, infundindo a ele nossa pecaminosidade.

Aqui surge outro problema. Será que a justiça de Cristo, ou melhor, de Deus, pode ser diminuída ou dividida? A resposta é um sonoro NÃO!

Se a justiça de Cristo, ou melhor, de Deus, não pode ser diminuída nem dividida, do contrário deixaria de ser perfeita, é de fato infundida a nós tornando-se intrinsicamente nossa como o catolicismo ensina, então, porque ainda pecamos?

Se na justiça de Cristo não há divisão, e se essa justiça é, de fato, comunicada às pessoas através da igreja, porque as pessoas ainda pecam?

Duas possíveis soluções....

1) A justiça de Cristo foi dividida em pequenas porções que são dadas aos fiéis através dos sacramentos;

2) a justiça de Cristo foi misturada com nosso pecado e perdeu sua força;

Esse é um problema bem grande para os que defendem essa doutrina, porque se de fato a justiça de Cristo, que não pode ser dividida ou alterada, fosse colocada no homem, ele não mais poderia pecar, assim como Cristo não pecou.

O problema aqui é que as obras, agora, entram como agentes na salvação do homem que, agora tendo em si a justiça de Cristo (justificação), precisa colocar isso em prática (santificação) para que ele possa ser "feito" plenamente justo para ser aceito por Deus. Isso é uma mistura entre justificação e santificação.

É fato que devemos nos santificar, mas isso está longe de ser o mesmo que a justificação, pois é na justificação que somos aceitos por Deus, sem qualquer obra nossa. Após isso, as boas obras acompanham nossa vida, por meio de Cristo (Fp 1.11), afinal de contas "FOMOS SALVOS", no passado, PARA as boas obras (Ef 2.10).

Ter a certeza dessa salvação, segundo o catolicismo, é presunção, porque um católico não pode saber se vai morrer em "estado de graça" ou seja, de amizade com Deus, e como a salvação do católico é baseada em suas obras, ele jamais pode ter certeza dela, porque num momento de desobediência, a insegurança sobre sua própria salvação impera.

Essa é a versão que o catolicismo ensina.

No entanto, a bíblia é bem enfática em ensinar que a fé no sacrifício de Cristo nos reconcilia com Deus permanentemente por decreto do próprio Deus! O Espírito Santo é o selo dessa garantia (Ef 1.13).

O apóstolo João nos ensina que "temos a vida eterna" (1Jo 5.13). Nós, os que cremos!

Crer, PISTEUO no grego, significa confiar em Jesus como único e suficiente salvador, e em sua obra e obediência como as únicas capazes de nos salvar. Além disso, precisamos confiar plenamente que Deus nos considera justos perante Ele por que nossa pena já foi paga por Cristo na cruz, com base na justiça de Cristo, e não na nossa.

Isso é crer verdadeiramente!

Será que João era presunçoso demais em afirmar isso a respeito não só dele mesmo mas também de várias outras pessoas?

Por outro lado, o protestanstismo bíblico ensina que esse "tornar" trata-se de um decreto de Deus, em que Ele declara Cristo como sendo o responsável legal por nosso castigo, imputando a ele nosso pecado, porém, sem torná-lo de fato pecador e/ou alterando sua essência, que continua livre de toda e qualquer mancha e o mentém puro e perfeito.

No AT, o animal sacrificado em lugar do pecador levava sobre ele os pecados do homem sem, contudo, ter sua essência alterada. Da mesma forma, o pecador, após ter confesado seus pecados sobre o animal, saia de lá justificado, ou seja, inocentado de culpa perante Deus, contudo, sem ter sofrido qualquer alteração em sua essência.

Semelhantemente, Deus declara como sendo nossa a justiça de Cristo, não porque ela foi infundida a nós, mas sim, imputada a nós, decretada como sendo nossa, através da fé, ou confiança, que temos nessa substituição como única e plenamente suficiente para nossa plena, total e completa salvação. Após esse processo, saímos declarados justos, ou inocentados, perante Deus. Ele não nos vê mais como inimigos condenados, porque o preço pelo nosso pecado já foi pago por Cristo na cruz.

Isso ainda explica o porque de ainda pecarmos... somos salvos por Deus pelo que Cristo fez. Por decreto divino que imputa a nós, declara como sendo nossa, a justiça necessária para sermos salvos, independente de nossa essência.

Salvação e vida eterna significa estar reconciliado novamente com Deus, e Paulo nos mostra que isso já foi consumado na cruz, por Cristo, e no momento em que confiamos nisso (Rm 5.9-10), e é por isso que Jesus mesmo nos diz que a "vida eterna é CONHECER a Deus, e a seu Filho" (Jo 17.3), o que significa "íntima relação" no grego. Isso é possível através do Espírito Santo que vem fazer morada na própria pessoa. Ele é a ponte que reconecta o homem a Deus.

Ora, se já estamos reconciliados com Deus, de fato o conhecemos intimamente, e temos a vida eterna! Vida eterna não significa VIVER ETERNAMENTE, mas sim ESTAR ETERNAMENTE NA PRESENÇA de Deus, UNIDO A ELE. E isso, não depende de nós, nem nunca dependeu. Foi unicamente obra e ação de Deus, para o louvor de Sua Glória!

Isso é graça! Essa é a certeza de João... a confiança de que SOMENTE o que Cristo fez foi suficiente para trazer a vida eterna aos que crêem, e o Espírito Santo, que sela todos quantos pertencem a Deus como garantia da herança até a redenção (Ef 1.13-14) e nos une à família de Deus (Jo 1.12-13).

Dito isto, vamos analisar mais à fundo essa questão de como a justiça de Deus é passada ao homem, neste excelente artigo de Paulo César Bornelli.

Boa leitura!

Tiago Neves

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A questão contraditória da Reforma: Imputação ou Infusão?

Por: Paulo César Bornelli.


Situação Político Social


Desde Agostinho até Lutero havia passado quase mil anos. Todas as verdades que o bispo de Hipona havia
proclamado, como: a soberania de Deus, a eleição, a predestinação e principalmente a graça de Deus, já haviam
sido diluídas na confusão teológica da Idade Média. A situação político social no final dos séculos XIV e XV era
de uma verdadeira babilônia; uma época de muita ansiedade. Os desmandos da Igreja proliferavam cada vez mais
e, por outro lado, grupos ansiavam por uma reforma, como os lobardos na Inglaterra, os Hussitas na Boêmia e os
Valdenses na Itália e França. Muitos desses grupos, reagindo à situação presente da Igreja, foram a extremos.
Politicamente falando, o mundo passava por mudanças radicais. Quando Lutero pregou suas 95 teses no
portal da Igreja de Wittembeg, fazia apenas 25 anos que a América tinha sido descoberta; e 17 anos da descoberta
do Brasil. Os Portugueses e os Espanhóis eram os donos dos mares e chegavam até dividir o novo mundo no
famoso Tratado de Tordesilhas (1494). A Europa era dominada pelo grande Império Romano. Na Itália, surgia a
Renascença desafiando os costumes da época e trazendo de volta os valores e as prioridades dos pensadores
gregos.


Junto com esse contexto político social, estava o poder religioso, onde a igreja católica romana já havia
sofrido sua primeira cisão; a separação da igreja oriental, chamada ortodoxa. Mesmo assim, a igreja católica
tentava manter o domínio através de muito misticismo e superstições, tais como veneração de santos, peregrinações
a lugares sagrados, missa para mortos.


Nesse período, vários movimentos culturais foram sufocados e muitas pessoas foram sacrificadas, como o
caso de John Wicliffe na Inglaterra e João Hus o grande reformador da Boêmia que foi queimado vivo depois de
condenado pelo Concílio de Constançia (1415).


As indulgências, ou a venda de perdão pela Igreja, foi a última gota em um copo cheio. Muito dinheiro foi
arrecadado com essa prática corrupta. O comércio religioso chegou a níveis muito baixo, ao ponto de se garantir
que tão logo o dinheiro fosse pago, as almas seriam libertadas do purgatório para o céu. Tudo isso gerava uma
neurose religiosa, uma morbidez patológica no período que antecedeu a Reforma. O medo do inferno e da
morte predominava na mente do povo. Timothy George, em seu livro “Teologia dos reformadores” nos retrata com
detalhes essa época. Diz ele que havia um pavor geral em relação ao sofrimento e a morte, a fome e a peste, e que a
crise agrária chegou a níveis insuportáveis, que houve até canibalismo. Ele nos conta também que a peste negra
atingiu a Europa (1349) e arrasou um terço da população. Os sermões e as gravuras da época retratavam essa
situação caótica.


A crise existencial em Martinho Lutero


Foi nesse contexto que Lutero lutava para encontrar Deus. Procurava um pouco de paz e misericórdia. Certo
dia durante uma tempestade com raios, ele teve sua grande crise de medo da morte e do inferno, e fez a sua decisão
de tornar-se monge. No entanto, o mosteiro não resolveu o seu problema, antes pelo contrário, quanto mais se
exercitava nas penitencias impostas, mais sentia desespero e medo. Lutero usava a palavra “anfechtung” (pavor,
desespero, ansiedade) para descrever seus conflitos internos em busca do Deus misericordioso.
Essa luta não foi apenas uma crise na vida de Lutero, mas o acompanhou por toda vida. É o que se pode
apreender de sua afirmação: “Não aprendi minha teologia toda de uma vez, mas tive de buscá-la mais a fundo,
onde minhas tentações “anfechtungen” me levavam..., não a compreensão, a leitura, ou a especulação, mas o
viver, ou melhor, o morrer e o ser condenado fazem um teólogo”. 1


Lutero não concordava com o que muitos na sua época estavam concluindo; que “sola fide”, somente pela
fé, fosse algo fácil. Ele dizia que a tentação e a experiência sem dúvida nos ensinam que a fé é uma arte difícil e,
conforme Timothy George, página 63, “a fé genuína e a verdadeira teologia são forjadas sobre a bigorna da
tentação, porque só a experiência faz um teólogo”.


O texto de Rm 1:17, “a justiça de Deus”, enchia a alma de Lutero de traumas e nada adiantavam suas
penitencias, jejuns, sacrifícios, boas obras, pois todas as suas tentativas em ser aceito diante de Deus, de ser
reconciliado pelas obras, eram em vão. Sua consciência estava cada vez mais atormentada. Ele mesmo afirmou:

 

“Eu não amava, na verdade odiava aquele Deus que punia os pecadores, e com um murmurar monstruoso,
silencioso, senão blasfemo, enfureci-me contra Deus”. 2


Foi nesse contexto histórico e religioso que um dia a luz de Deus veio à mente de Lutero e, pela graça de
Deus, ele pôde entender que a “Justiça de Deus”, de Rm 1:17, se revela no Evangelho, e que o Evangelho na
realidade não é mais motivo para gerar em nós medo, pavor; mas é as boas notícias de que toda a justiça de
Deus foi satisfeita na cruz, na pessoa bendita de Seu Filho e nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Agora,
todo aquele que pela graça de Deus crê nessa verdade eterna é justificado, é justo diante de Deus, e considerado
como se nunca houvesse cometido pecado. Essa é a grande mensagem do Evangelho: o justificado pela fé tem a
vida eterna. Agora Lutero estava consciente de que o perdão era dom de Deus e não resultado de esforço da mente
humana.


Conceito de justificação na Idade Média


Não podemos esquecer que o conceito de justificação que dominou tanto a teologia da era Patrística como a
Medieval, era uma mistura de doutrina cristã e filosofia grega da divinização do ser. A Enciclopédia Histórico
Teológica nos informa que “Pelágio, no século V substituiu a idéia de imputação pelo conceito menos severo de
imitação. Ele argumentou que, como agentes livres e responsáveis, nascidos com a capacidade de não pecar, todas
as pessoas, todavia, pecam concretamente, seguindo o exemplo de Adão. Pelágio recebeu a oposição de Agostinho
e desde então seu conceito da possibilidade humana tem sofrido frequentes rejeições pela igreja ortodoxa (embora
a noção tenha se mostrado repetitiva no liberalismo protestante)”.3 O próprio Agostinho, embora tenha sido o
grande defensor da graça soberana de Deus nos seus conflitos com Pelágio, entretanto cria na infusão da justiça de
Cristo no pecador, na infusão da graça pelo sistema sacramental e penitencial da Igreja; e que a justificação era um
processo iniciado no batismo (regeneração batismal).


Embora Lutero e sua teologia tenham sido grandemente influenciados por Agostinho, como ele mesmo diz:


“Nossa teologia e Santo Agostinho estão em bom andamento e, graças a Deus, eles predominam em nossa
universidade”. Mais tarde Lutero revendo a doutrina de Agostinho com relação à justificação disse que “Agostinho
chegou mais perto do sentido paulino do que todos os estudiosos, mas não alcançou Paulo. No começo eu devorava
Agostinho, mas quando a porta para Paulo abriu-se e entendi o que era realmente a justificação pela fé, descarteio”.
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Lutero se separou da teologia agostiniana quando teve a revelação de Rm 1:17, principalmente a expressão
“A justiça de Deus é revelada”. Agora Lutero estava convicto de que a justificação não era algo progressivo, e
afirmou categoricamente que “sola fide justificate”, isto é, só a fé justifica. Portanto, não mais cria em uma
justificação infundida, mas sim imputada pela fé somente. Para Agostinho e a tradição escolástica o sentido era
“tornar justo (infusão), mas agora para Lutero o sentido paulino é “declarar justo” (imputação), pois a justiça
não é nossa, não é inerente a nós, mas é colocada em nossa conta.

Não é possível aceitar a doutrina católica romana da infusão da justiça, pois se realmente a justiça de Cristo foi infundida em nós, e não somente imputada, também devemos crer que nossos pecados não foram imputados em Cristo, mas sim infundido; isto é, inerente a Cristo, o que equivale dizer que Cristo não foi feito a semelhança de carne pecaminosa, mas que realmente foi infundido nEle o nosso pecado. Isto geraria uma aberração teológica, pois, tornaria Cristo desqualificado para ser uma oferta totalmente aceitável a Deus pelo pecado.

Como Deus iria aceitar um pecador morrer pelos pecadores?


Isso jamais satisfaria a Sua justiça, e conseqüentemente levaria Deus a nos salvar de uma maneira ilegal e imoral, o
que é totalmente contrário ao Seu caráter santo. Lutero descreveu essa transação como uma “doce troca” entre
Cristo e o pecador, exclamando com admiração, “Oh! doce troca! Oh! operação inescrutável! Oh! benefícios que
ultrapassam todas as expectativas! Que a impiedade de muitos fosse oculta em apenas um justo, e que a justiça de
um justificasse a muitos transgressores”, e então ele conclama: “aprenda Cristo e o aprenda crucificado, aprenda a
orar a Ele, perdendo toda esperança em si mesmo e diga: Tu Senhor Jesus, és a minha justiça, e eu sou o teu
pecado; tomaste em Ti mesmo o que não eras e deste-me o que não sou”. 5


Nossa crise e nossa salvação digna do caráter santo de Deus


Essa foi a experiência de Lutero após a sua grande crise existencial; sendo ela também, ainda que em menor
grau, uma realidade em nossas vidas. Queremos fazer a vontade de Deus, mas na realidade não conseguimos. É o
que diz o apóstolo Paulo em Rm 7:19: “Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço”.


Muitas pessoas mal orientadas, quando passam por essa luta caem no desespero, depressão, ou entram pelo
caminho do fanatismo religioso, que os leva a uma vida irreal, farisaica; pois o fanático fariseu é aquele que,
consciente ou inconscientemente, procura convencer-se que é capaz de ganhar o favor de Deus, conquistar a
aceitação plena em Deus; justificando-se através de obras. Quando alguém entra pelo caminho da justifica própria,
torna-se um hipócrita, e, como sabemos, não foram os publicanos e nem os pecadores que crucificaram a Cristo e
sim os fariseus hipócritas.


Lutero havia descoberto pela graça de Deus a mensagem central do Evangelho: as boas novas, de que Deus
em Cristo justifica pela fé o pecador e, para poder ser justo e justificador dos que têm fé em Jesus, Cristo teve que
encarnar, viver uma vida de obediência total até a morte e perfeita santidade e estar disposto a tomar sobre si “o
castigo que nos traz a paz”; e, lá na cruz, experimentar a ira de Deus quando foi imputado nEle o nosso pecado
para que pudéssemos ter uma salvação digna do caráter santo de Deus.


Portanto, agora podemos dizer que Cristo tornou-se pecado por nós, isto é, foi imputado nEle o nosso
pecado para que nós pecadores pudéssemos ser aceitos como justos. Agora em Cristo temos uma posição de
justiça. A justificação é, portanto, uma questão posicional; fomos colocados nesta posição diante de Deus por
causa de Cristo, isto é imputação; não é uma questão moral, pois nós ainda não somos justos em nós mesmos.


Fica plenamente claro não se tratar de uma infusão. Vários irmãos do passado fizeram referência a essa troca
graciosa entre Cristo e o pecador. Na era Patristica podemos ver na carta a Diogneto (Séc. II) “Oh! Imensa bondade
e amor de Deus! Ele não nos odiou, não nos rejeitou, nem guardou ressentimento contra nós. Pelo contrário
mostrou-se paciente e nos suportou com misericórdia, tomou sobre si os nossos pecados e enviou Seu filho para
nos resgatar. O santo pelos ímpios; o inocente pelos maus; o justo pelo injusto; o incorruptível pelos corruptíveis; o
imortal pelo mortal. De fato, que outra coisa poderia cobrir nossos pecados senão a sua justiça? Por meio de quem
poderíamos ter sido justificados, nós injustos e ímpios, a não ser unicamente pelo Filho de Deus?” 6


A pergunta que atormenta qualquer pessoa é: “De que maneira posso ser colocado em posição correta com
Deus? Ou ainda: Como poderia escapar da ira vindoura, ou ao juízo santo de Deus? Para Lutero a única resposta é
a “JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ SOMENTE”, tendo como base unicamente a palavra de Deus, pois uma fé cristã e
real só pode existir com base na verdade bíblica. Como cristãos temos que acolher e crescer nessas verdades tendo
a bíblia como única base; mas também temos o dever de condenar qualquer doutrina que diminua a centralidade e a
exclusividade de Cristo na salvação.


Questão com profundas e sérias implicações


O ponto central e nevrálgico da Reforma foi a diferença entre “declarar a pessoa justa” (imputação), e
“fazer a pessoa justa” (infusão). Essa não é meramente uma questão de semântica, mas de ponto de partida que vai
definir nosso caminhar. Pela graça nos mantermos em Cristo, ou pelas obras em méritos humanos. Portanto, é uma
questão de vida ou morte. Se o pecador é justificado através de uma declaração de Deus baseado nos méritos de
Cristo e recebida pela fé somente, então esse pecador é declarado justo em Cristo. A justiça de Cristo, a vida de
obediência perfeita até a morte e morte de Cruz é creditada a seu favor; o resultado imediato é a paz com Deus
como fruto da justificação. “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus
Cristo”. Rm 5:1


Essa paz, essa reconciliação com Deus, leva-nos a comunhão e à intimidade no andar com Deus, e essa
comunhão é transformadora, pois cada dia mais vamos sendo transformados a imagem de Jesus Cristo; isso é
santificação. Somente os justificados pela fé podem ser santificados. Contrariamente, a teologia católica ensina a
santificação como meio para a justificação. Isso seria como que “colocar os carros na frente dos bois”.

 

O pecador é justificado por um processo de santificação durante toda a vida. Neste sentido, porém, nunca ninguém será justificado, pois ninguém terá uma vida de santificação perfeita que satisfaça o caráter santo, justo e perfeito de
Deus. Deus em razão de Sua perfeita santidade exige obediência absoluta e perfeita santidade. Por isso Deus se fez
homem na pessoa de Jesus, porque somente Deus poderia satisfazer a santidade de Deus.


O caráter santo e perfeito de Deus não permite que Ele exerça a misericórdia separada de Sua justiça, e nem
a graça poderia reinar se a justiça de Deus não fosse satisfeita. Romanos 5:21 afirma esta verdade fazendo uma
analogia, entre o reino da morte e o reino da graça, pois assim como para que a morte entrasse na história do
homem primeiro teve que haver pecado, assim também para que a graça pudesse ser dispensada a nós, primeiro
teria que ser satisfeita a justiça de Deus. Portanto, Ele não poderia nos salvar sem satisfazer a Sua justiça.

A Sua natureza santa não permitia passar por cima de nossos pecados; pois os nossos atos revelam o nosso caráter, e, para Deus, os fins não justificam os meios. Portanto, o ato de Deus nos salvar revelou o Seu caráter, e Ele não poderia nos salvar de uma maneira imoral, ou ilegal, mas teria que ser, como foi, uma maneira justa, santa e perfeita. Por isso em Rm 3:26 diz que a cruz é a revelação da justiça de Deus. Foi o único meio de Deus demonstrar justiça e
justificar pecador, ser justo e justificador ao mesmo tempo.


A fé verdadeira que recebe a justificação é aquela que não olha para si mesmo, mas sim para a cruz de
Cristo. Calvino com verdade afirma que “É somente a fé que justifica, mas a fé que justifica nunca está só”. Se as
obras não justificam, também é verdade que a verdadeira justificação se manifesta em obras; é fato que o pecador
justificado continua pecador, mas não escravo do pecado como antes. Agora, pela graça de Deus, tem poder de
andar nas boas obras que Deus de antemão preparou para que andássemos nelas, Ef 2:10. Portanto, as obras não
são as bases da justificação, mas sim as consequências, ou evidências delas, poderiamos dizer que a santificação é
a justificação levada a sério.


Conclusão


A história da humanidade parece oscilar como um pêndulo entre os extremos; muitas vezes o medo do
legalismo nos leva ao antinomianismo (libertinagem) e o medo do antinomianismo nos leva ao legalismo. Parece
ser impossível ter uma santidade livre e uma liberdade santa.


Para muitos, a justificação é uma mistura de fé e obras, como diz John F. Mac Artur Junior: “Onde o
antinomianismo isola a justificação da santificação radicalmente, este erro mistura os dois aspectos da obra
salvifica de Deus. O efeito é fazer da justificação um processo firmado na justiça defeituosa do crente, em vez de
um ato declarativo de Deus baseado na justiça perfeita de Cristo”. 7


Hoje vivemos dias semelhantes aos da Idade Média, onde a bíblia está sendo deixada de lado, onde não há
ensinamento. Dias de verdadeira aversão a doutrina; onde nossa fé está baseada em experiências e tradições
humanas. Por isso creio que somente uma reforma hoje, uma volta genuína, autentica à Palavra, uma reciclagem na
doutrina da graça, poderia nos salvar em uma hora de tanta confusão. Não podemos jogar 2.000 anos de história da
Igreja pela janela, achando que Deus está começando algo novo conosco, pois ela é a história dos atos de Deus na
história. Que Deus nos livre de tal pecado de presunção.


Bibliografia


1 Timothy George - Teologia dos Reformadores, Ed. Vida Nova. pág. 62
2 Ibid.-, pág. 64
3 Enciclopédia Histórico da Igreja Cristã – Editora Vida Nova-,. Pág. 324
4 George, ibid.-, pág. 70
5 John Stott - A Cruz de Cristo, pág. 179
6 Padres Apologistas – Carta a Diogneto- Patrística, Edições Paulinas. pág. 27
7 John F. Mac Artur Junior - Justificação Pela Fé Somente – Ed. Cultura Cristã -, pág. 12

Fonte: http://www.comunidadecristademaringa.com.br/artigos/Imputacao_ou_Infusao.pdf