Olá caro leitor!
Neste artigo veremos uma refutação bíblica acerca do sono e da morte da alma tão defendida por Adventistas do Sétimo Dia (ASD), bem como a prova bíblica acerca dos seguintes pontos:
Criação da parte imaterial do homem por Deus;
Existência da parte imaterial do homem à parte do corpo.
Não destruição do ímpio, mas seu eterno castigo.
Você pode também acompanhar com mais detalhes, os argumentos usados por eles para, teoricamente, “provar” o sono e a morte da alma nos artigos REFUTANDO A DOUTRINA DO SONO E DA MORTALIDADE DA ALMA, dividido em AT e NT, onde refuto biblicamente todos os 206 argumentos criados por Lucas Banzoli em sua tentativa de “provar” através da Bíblia que a imortalidade da alma é uma lenda.
Não vou me ater à definição de termos como fazem os ASD tentando definir o que é alma e o que é espírito através de palavras gregas e hebraicas, confundindo a cabeça do leitor. Um princípio básico é que é o contexto que define a tradução de uma palavra que pode ser traduzida de diversas formas, em vez de escolhermos arbitrariamente o significado que queremos que se encaixe no contexto, como querem os ASD.
No presente artigo quero destacar algumas passagens do NT, e uma do AT, em que a doutrina do sono e da morte da alma, defendida pelos ASD, é claramente declarada como sendo MENTIRA dada à clareza com que tais passagens são transmitidas a nós.
Sem mais delongas, vamos ao que interessa.
Prova # 1 – Existe uma parte imaterial criada dentro do homem
ASD sempre argumentam que não existe parte imaterial (alma/espírito) criada dentro do corpo do homem, mas sim que o próprio homem é uma alma, baseados em Gn 2.7, que diz que o homem se tornou “alma vivente”, e que o espírito do homem nada mais é do que o “sopro”, ou o “fôlego” que dá vida ao homem e que Deus assoprou nas narinas do homem, também relatado em Gn 2.7.
Abaixo, algumas afirmações adventistas:
“A palavra “alma” aparece na Bíblia aproximadamente 1600 vezes, e em nenhum caso refere-se a uma entidade fora do corpo, ou que seja “imortal”.
O termo "espírito", em todas as vezes que aparece nas Escrituras referindo-se ao ser humano, não expressa o conceito de que o mesmo seja uma entidade imaterial consciente capaz de sobreviver fora do corpo. Apesar das diversas traduções, é importantíssimo sabermos que o conceito básico de "espírito" e "alma" encontramos no texto de Gênesis 2:7, onde nos é mencionado o processo utilizado por Deus na criação do homem:
“Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida (neshamah), e o homem passou a ser alma (nephesh) vivente”. Gênesis 2:7.
Deus formou ao homem de 2 elementos: pó da terra e fôlego de vida. De acordo com o original, este texto seria da seguinte forma: "Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o espírito de vida (fôlego de vida), e o homem passou a ser uma pessoa vivente".
Isto significa que no conceito Bíblico:
A) Espírito é o fôlego de vida proveniente de Deus;
B) Alma é a união do corpo com o fôlego de vida, ou seja, a pessoa como um todo.
Fonte: https://www.comunidadeadventista.com/2008/07/alma-e-esprito-qual-diferena.html
Notemos que em Gn 2.7, a expressão “alma vivente”, chay nephesh no hebraico, é também utilizada em Gn 1.26, para se referir a todos os animais vivos que existiam na terra (seres viventes = chay nephesh), antes da criação de Adão.
Seguindo o raciocínio adventista, vejamos se isso faz sentido:
Alma vivente (chay nephesh) = pessoa vivente
Seres viventes (chay nephesh) = pessoas viventes
Chegamos à conclusão de que seres viventes (animais) são pessoas também!!
Mas, o que nos diferencia do animais além da parte física? O que caracteriza uma pessoa?
Intelecto, emoção e vontade. Animais não possuem essas características. São irracionais, e não têm inteligência, nem vontade, nem moralidade, ou seja, não sabem por que fazem as coisas, nem planejam nada etc...
Se o adventistas estão corretos, das duas uma:
Ou somos animais;
Ou os animais são pessoas.
Isso porque o termo chay nephesh é aplicado tanto ao homem quanto a todos os animais criados por Deus. Mas sabemos que há algo “diferente” em nós, não?
Sobre a questão de o espírito ser somente o “fôlego” do homem, os adventistas pecam quando fazem o seguinte:
Determinam um sentido comum para uma palavra que pode ser traduzida por várias outras e jogam somente essa palavra no contexto. Isso é errado, porque é o contexto que deve determinar o sentido que a palavra empregada assumirá.
Em Gn. 2.7 vemos que Deus soprou o fôlego nas narinas do homem e ele se tornou alma vivente (chay nephesh), e isso é fato. No entanto, Ele não fez isso com os animais, que também ser tornaram seres viventes (chay nephesh) e isso já nos diz muita coisa.
Além do mais, vejamos novamente esse versículo:
“Então o Senhor Deus formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou alma vivente.”
O texto diz que o homem se tornou alma vivente (chay nephesh), que também poderia ser traduzido por “ser vivente” (NVI).
Outro texto, Gênesis 6.17, nos traz uma nova informação:
“Eis que vou trazer águas sobre a terra, o Dilúvio, para destruir debaixo do céu toda criatura que tem fôlego de vida. Tudo o que há na terra perecerá.”
O termo aqui traduzido por “fôlego de vida” é ruach, que também pode ser traduzido por “espírito” e diz respeito, agora, tanto a homens quanto a animais. Porque a tradução usou o termo “fôlego de vida” e não “espírito”? Porque o contexto determinou isso, pois os animais não possuem espírito, ou seja, uma parte imaterial, e não podem ser confundidos com o homem.
Vemos em Gn 1.26, que o homem foi criado “à imagem e semelhança” de Deus. Deus é espírito e não tem corpo (Jo 4.24), mas é racional, tem sentimentos e tem vontade, ou seja, Deus é uma pessoa, mesmo sem ter corpo. Isso nos mostra que o que caracteriza uma pessoa não está limitado ao corpo. E se Deus criou o homem à Sua imagem e semelhança sem ter um corpo, o homem só pode ter adquirido os elementos imateriais que vieram de Deus.
Essa é a razão de sermos “pessoas” e não simplesmente “seres viventes”. O termo “ser vivente” (chay nephesh) é utilizado para se referir àquilo que tem vida em si nas Escrituras, representado pelo fôlego. Mas sabemos que nem tudo o que respira pensa, tem sentimentos e vontade própria.
Quando Gn 2.7 diz que Deus “soprou” nas narinas do homem, devemos nos perguntar: Deus tem boca?
Não, Ele não tem. Então, o que significa que Ele “soprou” algo? Essa é uma linguagem usada para descrever algo abstrato de maneira que o leitor consiga ter uma ideia do que de fato aconteceu.
Quando Deus “soprou” algo nas narinas do homem, essa é a figura usada para descrever que Deus “inspirou” para dentro do homem algo que partiu dEle próprio, que teve origem em Deus. Esse “algo” seria a parte imaterial do homem, que carrega em si a imagem e semelhança de Deus, como um ser pessoal. É por isso que hoje podemos dizer que somos “pessoas” e não “animais”. Essa também é a razão de você estar lendo e entendendo o que está escrito aqui.
Dizer que homens e animais são chay nephes (seres/almas viventes) sem um elemento que os distingue entre si é, no mínimo, falta de lógica, vendo que somos bem diferentes.
É por isso que os ASD tanto defendem o sono e a morte da alma. Porque se nosso corpo é nossa alma, logo, quando nosso corpo morre, nossa alma morre também. Ou, no período em que estamos aguardando a ressurreição, nossa alma “dorme” para depois acordar novamente, o que é uma referência à ressurreição.
Porém, se os ASD estão certos, eles têm que fornecer uma resposta bíblica acerca da origem de nossa razão, emoção e vontade, já que, segundo eles, isso não provém de Deus e está ligado única e exclusivamente ao corpo. O homem não possui um elemento espiritual e imaterial. Isso coloca o homem e os animais no mesmo nível, reduzindo-os somente a um amontoado de carne, pois sendo ambos chay nephesh (pessoas viventes), segundo os adventistas, animais também seriam capazes de pensar, ter sentimentos, ter vontade própria e se comunicar com Deus. Porém, não foram criados à imagem e semelhança do Criador, e isso cria uma dificuldade insuperável para os adventistas explicarem o porquê de sermos como somos, diferentes dos animais.
Mas, vejamos o que a Palavra de Deus tem a nos mostrar sobre isso.
“Esta é a palavra do Senhor para Israel. Palavra do Senhor, que estende os céus, assenta o alicerce da terra e forma o espírito do homem dentro dele.” (Zacarias 12.1)
Neste versículo está muito claro que Deus “forma” o espírito do homem “dentro dele”.
A palavra traduzida por “formar” (yatsar), é a mesma usada em Gn 2.7 sobre Deus ter “formado” o homem do pó da terra. Zacarias está nos dizendo claramente que Deus “molda” o espírito do homem (o que significa que isso não é o próprio homem) DENTRO dele!
O que poderia ser mais óbvio que isso? Se o ruach do homem é somente o “fôlego” como os ASD afirmam, como então pode Deus “MOLDAR” o fôlego (abstrato) como Ele moldou o barro (algo concreto) para formar Adão?
Neste ponto, os ASD recorrem para a versão da Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH) para dar apoio a seu ponto de vista, como sempre fazem quando uma versão não os agrada:
“Esta é uma mensagem de Deus, o SENHOR, a respeito do povo de Israel. O SENHOR, que estendeu os céus, firmou a terra e deu vida a todos.” (Zacarias 12.1 – NTLH)
Ora, a NTLH é uma versão para leigos que traz um sentido que a pessoa entenda em língua popular o que está escrito, porém, sempre descrevendo a mesma coisa de formas diferentes. Sendo assim, vejamos:
Formou o espírito do homem dentro dele = dar vida à humanidade (homem)
Portanto, o que dá vida ao homem é o fato de Deus formar, dentro dele, seu espírito. Vejamos:
“Portanto, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem ações está morta.” (Tiago 2.26 – NTLH)
Note que essa versão de Tiago 2.26 é a própria NTLH. Vejamos o que Paulo tem para nos dizer sobre isso:
“Quanto ao ser humano, somente o espírito que está nele é que conhece tudo a respeito dele. E, quanto a Deus, somente o seu próprio Espírito conhece tudo a respeito dele.” (1Cor 2.11 – NTLH)
Paulo diz claramente, na NTLH, que “o espírito que está nele é que CONHECE TUDO a seu respeito”?
Como um “sopro”, ou um “fôlego” pode “CONHECER” alguma coisa?
Porém, se Paulo estiver falando a respeito da parte imaterial do homem, proveniente de Deus, essa frase dele faria todo o sentido, porque essa parte imaterial, que dota o corpo de razão, sentimentos e vontade própria, ou seja, o torna uma pessoa racional, é o que pode “CONHECER” as coisas a respeito do homem. Sendo assim, o fato de a pessoa ser racional é o que a diferencia dos animais, porque ela foi criada à imagem e semelhança de Deus e constitui parte do SER do homem, não estando limitado ao corpo.
Vejamos o paralelismo entre o homem e Deus agora, no mesmo versículo:
Somente o espírito do homem pode conhecer tudo a respeito dele;
Somente o Espírito de Deus conhece tudo a respeito dEle.
Se for verdade, para o homem, que o seu espírito é somente seu “fôlego”, o que podemos dizer em relação ao “Espírito” de Deus? Que ele também é somente o “fôlego” de Deus?
Mas, aqui, eles dirão que para Deus ruach é mesmo Espírito, mas para o homem, criado à imagem e semelhança de Deus, é somente o fôlego.
Isso, com toda a certeza, coloca os ASD em péssimos lençóis, pois um “fôlego” jamais pode “CONHECER” alguma coisa, nem muito menos ser “FORMADO/MOLDADO” pois não possui substância concreta em si.
E só pra mostrar como os ASD interpretam mal as passagens bíblicas, vejamos esta afirmação:
“O homem foi criado com a imortalidade; mas esta era “condicional” à obediência a Deus.
No céu, quando Jesus voltar e nos levar com ele iremos comer da árvore da vida para sermos imortais: “No meio da sua praça, de uma e outra margem do rio, está a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a cura dos povos”. Apocalipse 22:2.”
Fonte: https://www.comunidadeadventista.com/2008/07/alma-e-esprito-qual-diferena.html
Ali, é dito que seremos imortais por comermos da árvore da vida “após” termos entrado no céu. Porém, Paulo nos diz claramente que nossos corpos se tornarão imortais para “depois” entrarmos no céu (1Cor 15.53-54; 1Ts 4.15-17). Como é que nossos corpos já serão imortais, e ainda assim teremos que comer da árvore da vida para nos mantermos imortais?
Os ASD, porém, falham em ver que a árvore da vida é um símbolo do próprio Deus, que é a verdadeira fonte de vida, e que o livre acesso a Ele é simbolizado pelo livre acesso à árvore da vida.
Enquanto Adão tinha acesso livre a Deus, ele “comia” da árvore da vida. Porém, quando pecou e perdeu seu livre acesso a Deus por causa de seu pecado, ele deixou de “comer” da árvore da vida porque já não teriam mais acesso a ela enquanto seu pecado fizesse separação entre ele e Deus. Essa questão só seria resolvida em Cristo no futuro. Ele foi expulso do jardim, o que é uma ilustração de sua expulsão da presença de Deus.
Prova # 2 – A parte imaterial do homem, seja ela chamada alma ou espírito, não morre com o corpo.
Vejamos Mateus 10.28, dividido em suas partes:
Não tenham medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma (a).
Antes, tenham medo daquele que pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno (b).
Aqui vemos claramente o próprio Jesus dizendo que o corpo morre, mas a alma (parte imaterial) não. Esse já é um forte argumento que nos mostra que parte material e parte imaterial não são a mesma coisa, mas sim coisas distintas.
Porém, os ASD irão dizer que nesse versículo, na parte b, a alma pode ser destruída no inferno, junto com o corpo. Vejamos então, o versículo paralelo relatado em Lucas 12.4-5.
“Eu lhes digo, meus amigos: não tenham medo dos que matam o corpo e depois nada mais podem fazer. Mas eu lhes mostrarei a quem vocês devem temer: temam aquele que, depois de matar o corpo, tem poder para lançar no inferno. Sim, eu lhes digo, esses vocês devem temer.”
Destruir no inferno = lançar no inferno
Lucas relata a expressão “lançar no inferno” ao passo que Mateus relata a expressão “destruir no inferno”. Como entender essa diferença? Destruição não implica em aniquilação. Aniquilar significa pôr fim à existência de modo que nada relativo ao que é aniquilado exista mais, ao passo que destruir implica que o objeto sofrerá danos, porém, ainda assim, continuará existindo. Quando destruímos um prédio, ele deixa de existir como prédio, porém, seus escombros ainda existem. Não se trata de uma aniquilação completa e total de modo que tudo o que fazia parte do prédio deixou de existir. Outro exemplo é a extinção de animais. Eles deixam de existir, porém, ainda restam seus ossos. Se eles fossem, de fato, aniquilados, nada em absoluto poderia restar.
Vejamos outra passagem que joga luz nessa questão.
“O diabo, que as enganava, foi lançado no lago de fogo que arde com enxofre, onde já haviam sido lançados a besta e o falso profeta. Eles serão atormentados dia e noite, para todo o sempre. Então a morte e o Hades foram lançados no lago de fogo. O lago de fogo é a segunda morte. Se o nome de alguém não foi encontrado no livro da vida, este foi lançado no lago de fogo.” (Ap 20.10, 14-15)
Vejamos:
No v. 10 é dito que o diabo foi “lançado” no lago de fogo e será atormentado “PARA TODO O SEMPRE”. Notemos que aqui, a besta e o falso profeta já estavam ali há 1000 anos, conforme relato de Ap 19.20. Ele já estavam lá a 1000 anos!!
No v. 14 é dito que após a ressurreição dos mortos (v.11-13), a morte e o hades (o lugar onde os ímpios mortos estavam até então) foram lançados no mar de fogo, ou seja, a própria morte não mais existe e não mais exerce seu poder, pois até mesmo ela foi julgada.
No v. 15, vemos que após a morte ter perdido seu poder por ter sido lançada também no lago de fogo, aqueles que não tiveram seus nomes escritos no livro da vida serão lançados nesse lugar também. Ou seja, esses já não podem mais morrer, porque a morte não mais existe. Somente a morte do corpo existe, causada pelo pecado! Quando o pecado for finalmente extinto, o corpo não poderá mais morrer. A segunda morte mencionada é a eterna separação de Deus e a eterna impossibilidade de salvação.
E nesse lugar, a besta, o falso profeta, a morte, o hades e os condenados serão atormentados DE DIA E DE NOITE PARA TODO O SEMPRE. Onde está mencionada a “aniquilação” aqui?
E se os ímpios já estão mortos (destruídos) segundo os ASD afirmam, porque é que Deus os ressuscitaria somente para destruí-los novamente?
Vemos então que Mt 10.28 e Lc 12.4-5 nos prova que:
Corpo (parte material) é diferente da parte imaterial;
Essa parte imaterial não morre junto com o corpo;
A destruição do corpo e da alma no inferno não se trata de aniquilação, mas de tormento eterno.
Prova #3 – Morrer, significa “ESTAR” com Cristo imediatamente
“Caso continue vivendo no corpo, terei fruto do meu trabalho. E já não sei o que escolher! Estou pressionado dos dois lados: desejo partir e estar com Cristo, o que é muito melhor; contudo, é mais necessário, por causa de vocês, que eu permaneça no corpo.” (Fp 1.22-24)
Vale destacar alguns pontos das palavras de Paulo aqui:
“Caso continue vivendo no corpo” implica que ele poderia estar vivendo “fora do corpo”, como veremos mais à frente;
“Desejo partir e ESTAR com Cristo” nos mostra que Paulo estaria imediatamente com Cristo logo após partir (morrer, conforme Lc 9.31), o que é muito melhor do que “estar no corpo”. Ora, se a morte fosse um sono onde Paulo teria que esperar inconsciente até que Cristo voltasse, ele não teria dito que “estaria” com Cristo quando partisse nem que morrer seria muito melhor, porque Cristo está no céu, e não na sepultura. Isso ficará mais claro mais à frente;
“É mais necessário que, por causa de vocês, eu permaneça no corpo” nos mostra que Paulo não estava pensando nele mesmo e na alegria que ele teria de estar com Cristo, mas sim que ele estava, antes, pensando nos outros e não nele mesmo. Além do mais, ele deixa bem claro que poderia deixar o corpo em sua morte quando diz “é mais necessário que eu permaneça no corpo”. Argumentar contra isso seria o mesmo que chamar Paulo de mentiroso ou de lunático.
Sendo assim, Fp 1.22-24 deixa claro que Paulo sabia muito bem da realidade pós-morte e do período intermediário entre a morte de seu corpo e a ressurreição. Ele sabia que mesmo sem corpo, ele estaria com Cristo, consciente, como veremos no próximo argumento.
Prova #4 – Morrer significa habitar com o Senhor, e viver no corpo significa estar ausente com o Senhor
Aqui, vamos considerar versículo por versículo, os primeiros 8 versículos de 2 Coríntios 5.
“Sabemos que, se for destruída a temporária habitação terrena em que vivemos, temos da parte de Deus um edifício, uma casa eterna no céu, não construída por mãos humanas.” (v.1)
Por “temporária habitação terrena” Paulo se refere ao seu corpo, e ele diz que se seu corpo for “destruído”, ou seja, se ele for morto, temos da parte de Deus uma casa eterna no céu. Essa não é uma referência ao corpo ressurreto. É interessante notar que Paulo não diz “se eu for destruído”, nem “se eu for morto”, mas sim “se seu corpo for destruído”. Porque será? Será que seu “ser” não se resumia ao seu corpo somente?
“Enquanto isso, gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação celestial,” (v. 2)
Ele afirma que enquanto isso, ou seja, enquanto ainda está em seu corpo terreno, ele anseia ser revestido de sua “habitação celestial”. Essa sim é uma clara referência ao corpo ressurreto. Compare:
Temporária habitação terrena = corpo mortal (temporário) que pode ser destruído;
Habitação celestial = corpo ressurreto e glorificado;
Casa eterna no céu = morada com Deus
“porque, estando vestidos, não seremos encontrados nus.” (v. 3)
Esse versículo deve ser lido assim: “porque, estando em um corpo (vestidos), não seremos encontrados sem um corpo (nus)”. Isso é óbvio. Se ele estivesse vivo (vestido/em um corpo), não seria encontrado morto (nu/sem um corpo).
“Pois, enquanto estamos nesta casa, gememos e nos angustiamos, porque não queremos ser despidos, mas revestidos da nossa habitação celestial, para que aquilo que é mortal seja absorvido pela vida.” (v. 4)
Paulo continua a dizer que há a possibilidade de deixar o corpo (enquanto estivermos nessa casa), porém ele diz que enquanto ele está vivo (nesta casa), em seu corpo, ele geme e se angustia, porque ele não quer ser despido (morto), o que envolveria sofrimento, mas revestido de sua habitação celestial (corpo ressurreto). Aqui sim ele faz uma referência à glorificação (transformação) de seu corpo terreno, ao dizer “para que aquilo que é mortal (seu corpo terreno) seja absorvido pela vida (glorificado)”. Ele deixa claro que preferiria passar pela glorificação ainda vivo, do que sofrer a morte. Por isso ele se angustiava.
“Foi Deus que nos preparou para esse propósito, dando-nos o Espírito como garantia do que está por vir.” (v. 5)
Ele nos mostra que esse é o propósito de Deus para o homem, não para a glória do homem, mas para a glória dEle próprio, conforme Efésios 1, e ainda nos diz que o Espírito Santo é a garantia da ressurreição e da glorificação, conforme Romanos 8.11, Efésios 1.13-14 e 2Coríntios 1.20-22.
“Portanto, temos sempre confiança e sabemos que, enquanto estamos no corpo, estamos longe do Senhor. Porque vivemos por fé, e não pelo que vemos.” (v. 7)
Paulo afirma que sabe que enquanto estamos no corpo, estamos longe do Senhor, porque andamos por fé, e não pelo que vemos. Com isso, ele mostra que a fé são os olhos da alma. É através da fé que, enquanto estamos no corpo, contemplamos a Deus de maneira “embaçada”, pois a fé é “a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos.” (Hb 11.1).
Quando ele diz que enquanto estamos no corpo, estamos longe do Senhor ele quer dizer que só podemos ver o Senhor, e estar com o Senhor aqui, no corpo, através da fé. Porém...
“Temos, pois, confiança e preferimos estar ausentes do corpo e habitar com o Senhor.” (v. 8)
... estar ausente do corpo, é habitar com o Senhor, porque não dependeremos mas da fé para vê-lO, mas O veremos e estaremos de fato com Ele, ao Seu lado. Essa é uma clara referência ao que acontece após a morte do corpo para aqueles que creem no Senhor. Acompanhe:
Estar no corpo = estar ausente com o Senhor, porque o vemos por fé;
Estar ausente do corpo = estar presente com o Senhor, porque o vemos por vista!
Mas devemos prestar muita atenção à expressão “ausente do corpo”, o que implica que não existe nem corpo terreno, nem corpo celestial, mas existe sim a realidade de que nosso ser existe conscientemente à parte do corpo, seja ele qual for!
Prova #5 – Morrer significa deixar o corpo
“Considero importante, enquanto estiver no tabernáculo deste corpo, despertar a memória de vocês, porque sei que em breve deixarei este tabernáculo, como o nosso Senhor Jesus Cristo já me revelou.” (2Pedro 1.13-14)
As expressões de Pedro são muito semelhantes à de Paulo:
“Enquanto estiver no tabernáculo deste corpo”: Pedro tinha a ideia de que o corpo era uma tenda (tabernáculo) na Terra onde sua parte imaterial habitava enquanto estava por aqui “de passagem”, porque ele sabia da realidade de que seu ser (parte imaterial) estaria com o Senhor tão logo fosse despido de seu corpo;
“Sei que em breve deixarei este tabernáculo”; Uma clara referência à sua morte. Note que Pedro não considera que seu ser (a pessoa de Pedro) fosse seu corpo, porque ele mesmo diz que ELE (sua pessoa) DEIXARIA AQUELE CORPO.
Aqui, mais uma vez, vemos uma referência clara a “deixar” o corpo, o que implica na separação entre a parte material da parte imaterial, que não são uma só coisa, e a existência da parte imaterial à parte do corpo, em vez de permanecer unida ao corpo por ocasião da morte.
Prova #6 – Na ressurreição o Senhor trará, junto com ele, os que nele já dormiram.
“Que ele fortaleça os seus corações para serem irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus com todos os seus santos.” (1Tessalonicenses 3.13)
O que mais precisa ser dito? O Senhor trará com ele em sua vinda todos os que nele dormiram para que eles possam ser vestidos novamente com suas novas habitações celestiais (corpos ressurretos) por ocasião da ressurreição. Sem mais comentários, pois o versículo fala por si só. Há quem argumente que “santos” significa anjos, mas vemos claramente que santos são todos aqueles que já foram lavados pelo sangue de Cristo e receberam o Espírito Santo como garantia da sua redenção (Ef 1.1; Fp 1.1 etc...). Além do mais, existe a palavra “TODOS”, o que implicaria os anjos, mais TODOS os denominados santos, que são os salvos.
Conclusão
Após tudo isso caro leitor, espero que você esteja mais do que certo de que tão-logo nossa casa terrena se desfaça, estaremos unidos com o Senhor, num estado de alegria e desfrutando de Sua presença, segundo as palavras do próprio Paulo, “o que é muito melhor”, e não em um estado de inconsciência como se nada em nós, nenhum elemento imaterial/espiritual, existisse.
E que você esteja certo também de que se hoje você tem a forma que tem, é porque antes da criação do mundo, Cristo já havia assumido essa forma e sido morto a fim de nos redimir. Sejamos dignos de carregarmos em nós a imagem estrutural de nosso Criador, o Senhor Jesus Cristo.
Que o Senhor nos dê entendimento e esclareça aquilo que para nós, ainda é obscuro!
A ele sejam toda a honra, a glória, a força, o louvor e o poder para todo o sempre! Amém!